Relação com a natureza

A morte de uma árvore é bela em seu findar, diferente da do homem. Uma árvore morta no deserto, despida de sua casca, polida pelo sol e pelo vento, com seus galhos nus abertos para o céu, é uma visão maravilhosa. Uma grande sequóia, de muitas e muitas centenas de anos, é cortada em poucos minutos para fazer cercas, assentos, e construir casas ou enriquecer o solo do jardim. O maravilhoso gigante se foi. O homem está entrando cada vez mais nas florestas, destruindo-as para pastagens e casas. As selvas estão desaparecendo. Há um vale, cercado talvez pelas mais antigas montanhas na terra, onde leopardos, ursos e o veado eram vistos, desapareceram inteiramente, pois o homem está em todo lugar. A beleza da terra está aos poucos sendo destruída e poluída. Carros e altos edifícios aparecem nos locais mais inesperados. Quando você perde sua relação com a natureza e os vastos céus, perde sua relação com o homem.

Krishnamurti Foundation Trust; Boletim 56; 1989


Sentar embaixo de uma árvore

Você percebe, você não foi educado para estar sozinho. Você sai alguma vez para caminhar sozinho? É muito importante sair sozinho, sentar embaixo de uma árvore – não com um livro, não com uma companhia, mas sozinho – e observar a queda de uma folha, ouvir o bater da água, a canção dos pescadores, observar o voo de um pássaro e de seus próprios pensamentos enquanto se perseguem uns aos outros através do espaço de sua mente. Se você for capaz de ficar sozinho e de observar essas coisas, então descobrirá riquezas extraordinárias que nenhum governo pode tributar, nenhuma ação humana pode corromper, e que nunca poderão ser destruídas.

This Matter of Culture; pág.89


Um sentimento por todas as coisas vivas

É estranho que tenhamos tão pouca relação com a natureza; com os insetos e o sapo saltante e a coruja que pia entre as colinas chamando pelo seu companheiro. Nós nunca parecemos ter um sentimento por todas as coisas vivas na Terra. Se pudéssemos estabelecer uma relação profunda e permanente com a natureza, nós nunca mataríamos um animal para o nosso apetite, nós nunca faríamos mal, nunca praticaríamos a vivissecção, em um macaco, um cachorro, uma cobaia, para nosso benefício. Encontraríamos outras maneiras de curar nossas feridas, curar o nosso corpo. Mas a cura da mente é algo totalmente diferente. Essa cura acontece gradualmente se você estiver com a natureza, com aquela laranja na árvore, com a folha de grama que abre caminho no cimento, e os montes cobertos, escondidos, pelas nuvens.

Krishnamurti to Himself; pág. 10


Você está perdendo a sua relação com a natureza

Pergunto a mim mesmo se você faz estas perguntas por si mesmo quando olha para os castanheiros com as suas flores como velas brancas contra o céu azul. Que relação existe entre você e isso, que relação é que você realmente tem (não emocionalmente nem sentimentalmente) qual é a sua relação com essas coisas? E se você perdeu a relação com essas coisas na natureza, como você pode estar relacionado com o homem? Quanto mais vivemos em cidades, menos temos qualquer relação com a natureza. Você sai para caminhar em um domingo e olha para as árvores e diz “Que belas”, e volta para sua vida de rotina, vivendo em uma série de gavetas, que são chamadas de casas, apartamentos. Você está perdendo a sua relação com a natureza. Você pode ver isso quando vai a museus e perde uma manhã inteira olhando para quadros.

Palestras na Europa 1968; pág.82


Se você prejudicar a natureza, está prejudicando a si mesmo

A natureza faz parte de nossa vida. Nós nos originamos na semente, na Terra, e fazemos parte de tudo isso. Mas estamos perdendo rapidamente o sentido de que somos animais como os outros. Você consegue ter um sentimento por aquela árvore, olhe para ela, veja a beleza dela, escute o som que ela faz; seja sensível à plantinha, às pequenas ervas, àquela trepadeira que cresce muro acima, à luz sobre as folhas e as muitas sombras? Devemos estar conscientes de tudo isso e ter o sentido de comunhão com a natureza em nosso redor. Você pode viver em uma cidade, mas você tem árvores aqui ou ali. Uma flor no jardim do lado pode estar mal conservada, repleta de ervas daninhas, mas olhe para ela, sinta que você faz parte de tudo aquilo, parte de todas as coisas vivas. Se você prejudicar a natureza, está prejudicando a si mesmo.

Cartas às Escolas; Vol. 2; pág. 71


É a nossa Terra

Eu não sei se algum de vocês notou, de manhã cedo, a luz do sol sobre as águas. Como é extraordinariamente suave a luz, e como dançam as águas sombrias, com a estrela da manhã sobre as árvores, a única estrela no céu. Você já notou alguma dessas coisas? Ou está tão ocupado, tão ocupado com a rotina diária, que você esquece ou nunca conheceu a esplêndida beleza desta Terra – esta Terra em que todos nós temos que viver? Quer chamemos a nós mesmos comunistas ou capitalistas, hindus ou budistas, muçulmanos ou cristãos, quer sejamos cegos, coxos, ou estejamos bem e felizes, esta Terra é nossa. É a nossa Terra, não de qualquer outro; ela não é apenas a Terra do homem rico, ela não pertence exclusivamente aos governantes poderosos, aos nobres proprietários, mas é a nossa Terra, sua e minha. Nós não somos ninguém, contudo também vivemos nessa Terra e todos nós temos que viver juntos. Esse é o mundo dos pobres, bem como dos ricos, dos iletrados bem como dos instruídos; este é o nosso mundo, e eu acho que é muito importante sentir isso e amar a Terra, não apenas ocasionalmente em uma calma manhã, mas o tempo todo.

This Matter of Culture; pág. 23


Relação com a natureza

Temos que descobrir por nós mesmos qual é a relação entre a natureza e cada um de nós. Isso faz parte da religião. Você pode não concordar, mas considere-a, investigue-a. Você tem alguma relação com a natureza, com os pássaros, com a água desse rio? Todos os rios são sagrados, mas estão ficando cada vez mais poluídos: você pode chamá-lo de Ganges, ou Tamisa, Nilo, Reno, Mississipi, ou Volga. Qual é a sua relação com tudo isso – com as árvores, com os pássaros, com todas as coisas vivas a que chamamos natureza?

Sobre a Natureza e o Meio Ambiente


Beleza e observação da natureza

Muitos de vocês vivem em cidades com multidões, barulho, e sujeira no ambiente. Provavelmente você não se tem deparado muitas vezes com a natureza. Mas existe este mar maravilhoso, e você não tem nenhuma relação com ele. Você olha para ele, talvez nade nele, mas o sentimento deste mar com a sua enorme vitalidade e energia, a beleza de uma onda quebrando na areia da praia – não há comunicação entre esse movimento maravilhoso do mar e você. E se você não tem nenhuma relação com isso como você pode ter uma relação com outro. Se você não percebe o mar, a qualidade da água, as ondas, a imensa vitalidade da maré indo e vindo, como você pode estar consciente da relação humana, ou ser sensível a ela? Por favor, é muito importante compreender isto, porque a beleza não está meramente na forma física, mas a beleza em essência é aquela qualidade da sensibilidade, a qualidade da observação da natureza.

Sobre a Natureza e o Meio Ambiente