Em primeiro lugar, para compreender a verdade, vocês devem estar sozinhos, inteiramente e totalmente sozinhos. Nenhum Mestre, professor, guru, sistema, nenhuma autodisciplina jamais levantará para vocês o véu que oculta a sabedoria. A sabedoria é a compreensão de valores duradouros e a vivência desses valores. Ninguém pode levá-los à sabedoria. Isso é óbvio, não é? Não precisamos nem discutir isso. Ninguém pode forçá-los, nenhum sistema pode impeli-los a se libertarem do instinto de posse, até que vocês mesmos compreendam voluntariamente, e nessa compreensão há sabedoria. Nenhum Mestre, guru, professor, nenhum sistema podem forçá-los a essa compreensão. Somente o sofrimento que vocês mesmos experimentam pode fazê-los ver o absurdo do sentimento de posse, do qual surge o conflito; e desse sofrimento vem a compreensão. Mas quando vocês procuram escapar desse sofrimento, quando procuram abrigo, conforto, então vocês devem ter Mestres, devem ter filosofias e crenças; então vocês se voltam para abrigos que lhes dá segurança, como a religião.
Adyar, 3ª Palestra Pública – 31 de dezembro de 1933
O que vocês pensam que eu sou? Eu não lhes dei uma reação momentânea, eu lhes disse o que realmente penso. Se vocês desejam usar isso como um teste para se fortalecerem, para se entrincheirarem em suas velhas crenças, eu não posso evitar. Eu lhes disse o que penso, de forma franca, direta, sem dissimulação. Não estou tentando fazer vocês agirem de uma maneira ou de outra, não estou tentando seduzi-los para qualquer sociedade ou para uma forma específica de pensamento, não estou apresentando uma recompensa na sua frente. Eu lhes disse francamente que os Mestres não são essenciais, que a ideia de Mestres nada mais é do que um brinquedo para o homem que realmente busca a verdade. Não estou tentando atacar suas crenças, percebo que sou um convidado aqui; essa é apenas a minha opinião franca, como já a declarei várias vezes.
Adyar, 4ª Palestra Pública – 01 de janeiro de 1934