Estou aprendendo sobre mim mesmo – não de acordo com algum psicólogo ou especialista – estou observando e vejo alguma coisa em mim mesmo; mas não a condeno, não a julgo, não a ponho de lado – apenas a observo. Observo que sou orgulhoso – vamos tomar isso como exemplo. Eu não digo, “Eu devo pôr isso de lado, como é feio ser orgulhoso.” – mas apenas o observo. Como estou observando, estou aprendendo. Observar significa aprender que o orgulho envolve como ele veio a existir. Não posso observá-lo por mais de cinco ou seis minutos – se alguém puder, isso seria uma grande coisa – no próximo minuto torno-me desatento. Tendo estado atento e sabendo o que é a desatenção, eu me esforço para tornar atenta a desatenção. Não faça isso, mas observe a desatenção, faça-se ciente de que você está desatento – isso é tudo. Pare aí. Não diga, “Devo gastar todo o meu tempo estando atento”, mas apenas observe quando está desatento. Avançar o que seja nesse processo seria realmente muito complexo. Há uma condição da mente que está desperta e observando todo o tempo, observando mesmo que não haja nada a aprender. Isso significa uma mente que é extraordinariamente clara, calma, extraordinariamente silenciosa. O que tem uma mente clara, silenciosa, a aprender?
A questão impossível; Pág. 25, 26
O ato de ouvir é o ato de aprender.
Deve-se aprender muitíssimo sobre a vida, pois a vida é um movimento no relacionamento. E esse relacionamento é ação. Nós temos que aprender – não acumular conhecimento advindo desse movimento a que chamamos vida e então viver de acordo com esse conhecimento, o que é conformismo. Conformar-se é ajustar-se, encaixar-se em um molde, ajustar-se a várias impressões, demandas, pressões de uma sociedade particular. A vida é para ser vivida, entendida. Deve-se aprender sobre a vida, e deixa-se de aprender no momento em que se argumenta com a vida, chega-se à vida com o passado, com um condicionamento como o conhecimento.
Portanto há uma diferença entre adquirir conhecimento e o ato de aprender. Vocês devem ter conhecimento; de outro modo não saberão onde vivem, esquecerão seu nome, e assim por diante. Então, a certo nível o conhecimento é imperativo, mas quando esse conhecimento é usado para entender a vida – a qual é um movimento, a qual é algo que está vivendo, movendo-se, dinamicamente, mudando a cada momento – quando vocês não podem mover-se com a vida, então estão vivendo no passado e tentando compreender a extraordinária coisa chamada vida. E para entender a vida vocês têm que aprender cada minuto sobre ela e nunca chegar a ela tendo aprendido.
Obras coletadas; Vol. XV; Pág. 13, 14
Questionador: Podemos aprender com a experiência?
Krishnamurti: Certamente não. Aprender implica liberdade, curiosidade, investigação. Quando uma criança aprende uma coisa, ela é curiosa sobre aquilo, ela quer saber, é um momento livre, não um momento de ter apreendido e de afastar-se daquela aquisição. Temos inumeráveis experiências; temos tido cinco mil anos de guerras.
Não aprendemos uma só coisa com elas exceto por inventar maquinaria mais letal com a qual matar um ao outro. Temos tido muitas experiências com nossos amigos, com nossas esposas, com nossos maridos, com nossa nação – não temos aprendido. Aprender, de fato, só pode acontecer quando existe liberdade a partir da experiência.
A questão impossível; Pág. 78