É definitivamente possível produzir uma mente totalmente nova. Mas existem certas indicações, certas características necessárias que produzem essa qualidade de novidade. Elas são afeição ou amor e integridade. A maioria de nós não sabe o que é ser afetuoso. Para nós, é uma palavra que usamos casualmente sem muito significado. O amor, naturalmente, é uma coisa muito cuidadosamente guardada, embora usemos a palavra muito fluentemente, muito facilmente – amor pelo país, amor pela verdade, amor pela vida e muitos, muitos amores de que falamos; e eu penso que ele não tem nada a ver com isto. O ingrediente – se me permitem usar essa palavra que é absolutamente necessária é a qualidade de afeição e integridade. Não quero dizer com integridade nenhuma forma padrão de crença, nem quero dizer integridade de acordo com a experiência através da qual a pessoa deve viver; mas quero dizer a integridade que surge quando você começa a observar cada movimento de seu próprio pensar e quando nenhum pensamento está oculto. Você não usa uma máscara, você não finge mais ser alguma coisa diferente do que realmente você é; e, consequentemente, não há disciplina, nem fantasia, nem adoração; e a partir disso surge o sentido externo de integridade, quero dizer, aquele tipo de integridade, não o homem que tem uma crença e vive de acordo com essa crença, não o homem que é sincero, mas com certos ideais, não o homem que segue certa disciplina ou tenta criar uma integração emocionalmente ou intelectualmente. Tais esforços não produzem integridade. Ao contrário, eles aumentam o conflito, a miséria. Por outro lado, a integridade de que falamos é a qualidade de ver o fato a cada minuto, não tentando traduzir o fato em termos de prazer e dor, mas deixando o fato florescer sem escolha, sem opinião – a partir deste ver vem a integridade que não é nunca alterada. Agora estes dois, afeição e integridade, são necessários.
Madras, 4ª Palestra Pública – 03 de dezembro de 1961
Quando há verdadeira afeição, não existe tolerância. Então, é apenas quando nossos corações murcham é que falamos sobre tolerância. Pessoalmente, não me importo com o que vocês acreditam ou não acreditam, porque meu afeto não é baseado em crença. A crença é algo artificial; ao passo que a afeição está relacionada a essência das coisas. Quando essa afeição murcha, tentamos disseminar a fraternidade pelo mundo com discursos sobre tolerância e unidade das religiões. Mas onde existe compreensão real, não há discursos sobre tolerância.
Auckland, Palestra aos Teosofistas – 31 de março de 1934 – 2