O cérebro tem capacidade infinita; ele é realmente infinito. Essa capacidade é hoje utilizada tecnologicamente. Tal capacidade tem sido usada para reunir informações. Essa capacidade tem sido empregada para armazenar conhecimentos – científicos, políticos, sociais e religiosos. O cérebro tem ficado ocupado com isso. Então, é precisamente essa função (essa capacidade tecnológica) que a máquina vai assumir. Quando isso acontecer, o cérebro – sua capacidade – vai encolher, assim como os meus braços se eu não os utilizar o tempo todo. A questão é: Se o cérebro não estiver ativo, se não estiver trabalhando, se não estiver pensando, o que acontecerá a ele? Ou ele mergulhará no entretenimento – e as religiões, os rituais e os pujas são entretenimentos – ou se voltará para a investigação interior. Essa investigação é um movimento infinito. Essa investigação é religião.
Uma primavera atemporal; Pág. 164 e 165
Os cientistas estão agora inventando a “máquina mais inteligente de todas”, um computador superior ao homem em todos os campos. Se a máquina pode superar o homem, então o que é o homem? O que é você? Qual é o futuro do homem? Se a máquina pode assumir todas as operações que agora pertencem ao pensamento, e fazê-las muito mais rapidamente, se pode aprender muito mais depressa, se pode competir com o homem e, de fato, fazer tudo o que o homem pode fazer – exceto olhar para a bela estrela vespertina, solitária no céu, ver e sentir sua extraordinária quietude, firmeza, imensidade e beleza – então o que é que vai acontecer à mente, ao cérebro do homem? Nossos cérebros têm vivido até aqui como resultado da luta pela sobrevivência mediante o conhecimento, e, quando a máquina assumir tudo isso, o que é que vai acontecer? Só há duas possibilidades: o homem se dedicará totalmente ao entretenimento – futebol, esportes, todas as formas de manifestação, frequentando templos e brincando com tudo isso – ou se voltará para dentro de si mesmo.
Uma primavera atemporal; Pág. 164
E nós progredimos imensamente tecnologicamente – uma revolução está acontecendo, da qual sabemos muito pouco. O processo tecnológico é tão rápido, que da noite para o dia já terminou – algo novo. E, eticamente, somos o que fomos durante um milhão de anos. Você entendeu o contraste? Tecnologicamente, como o computador que pode superar o homem, ele pode inventar novas meditações, novos Deuses, novas teorias. Estávamos conversando outro dia com três ou quatro profissionais de informática muito importantes. O computador pode pensar para trás e para frente, o que é chamado de “arquitetura”. Não vou entrar nisso no momento. E essa quinta ou sexta geração de computadores é tão rápida, tão extraordinariamente capaz – ele pode inventar, produzir, mudar e assim por diante. Eu não vou entrar em tudo isso com você.
E o homem, isto é, você e eu, o que vai acontecer com nossos cérebros? Você entendeu o que estou dizendo? Se o computador pode fazer quase tudo – é claro que há sexo ou olhar para a lua nova – ele pode fazer quase tudo que os seres humanos fazem. Isso não é uma teoria, está acontecendo agora. Então, o que vai acontecer com você? O que vai acontecer conosco como seres humanos?
Rajghat, 1ª Palestra Pública- 18 de novembro de 1985
O cérebro tem extraordinária capacidade, mas foi condicionado e, por isso, é limitado. Não é limitado no mundo tecnológico (computadores e outras coisas), mas é muito limitado em relação à psique. Tem-se dito: “Conheça-se a si mesmo” – entre os gregos, entre os antigos hindus, etc. Estudam a psique dos outros, mas nunca estudam a sua própria. Os psicólogos, os filósofos, os especialistas, nunca estudam a si mesmos. Eles estudam ratos, coelhos, pombos, macacos, etc., mas nunca dizem: “Vou examinar a mim mesmo. Sou ambicioso, ávido, invejoso. Concorro com o meu vizinho, com os meus colegas cientistas.” É a mesma psique que existe há milhares de anos. Embora tecnologicamente, por fora, sejamos maravilhosos, interiormente somos primitivos, não somos? Portanto, o cérebro é limitado, primitivo, no mundo da psique.
Sobre a mente e o pensamento; Pág. 133