Destruir é criar

Para ser livre, você tem que examinar a autoridade, todo o esqueleto da autoridade, despedaçando toda a coisa suja. E isso requer energia, verdadeira energia física, e também, demanda energia psicológica. Mas a energia é destruída, é gasta quando a pessoa esta em conflito. Assim, quando há a compreensão da totalidade do processo de conflito, há o fim do conflito, há abundância de energia. Então você pode prosseguir, despedaçando a casa que você construiu através de séculos e que não tem absolutamente significado. Você sabe, destruir é criar. Devemos destruir, não os prédios, não o sistema social ou econômico – isto acontece diariamente – mas as defesas psicológicas conscientes e inconscientes, as seguranças que se construiu racionalmente, individualmente, profundamente, e superficialmente. Devemos romper tudo isso para ficar totalmente sem defesas, pois você deve estar indefeso para amar e ter afeição. Então você vê e compreende a ambição, a autoridade, e começa a ver quando a autoridade é necessária e em que nível – a autoridade do policial e não mais. Então não existe autoridade de aprender, nem autoridade de conhecimento, nem autoridade de capacidade, nem autoridade que a função assume e que se torna status. Para compreender toda autoridade – dos gurus, dos Mestres e outros – é preciso uma mente perspicaz, um cérebro claro, não um cérebro turvo, não um cérebro embotado.

O Livro da Vida


Não somos destinados a destruir um ao outro

É nossa terra, não sua ou minha ou dele. Somos destinados a viver nela, nos ajudando, não destruindo um ao outro. Isso não é nenhuma tolice romântica mas um fato real. Mas o homem dividiu a terra, esperando assim encontrar no particular felicidade, segurança, uma sensação de conforto permanente. Até que uma mudança radical aconteça e varramos todas as nacionalidades, todas as ideologias, todas as divisões religiosas, e estabeleçamos uma relação global – psicologicamente primeiro, interiormente antes de organizar o exterior – continuaremos com as guerras. Se você fere os outros, se mata os outros, seja pela raiva ou com o assassinato organizado chamado guerra, você, que é o resto da humanidade, não um ser humano separado lutando com o restante da humanidade, está destruindo a si mesmo. Este é o ponto real, o ponto básico, que você deve compreender e resolver. Até você se comprometer, se dedicar a erradicar esta divisão nacional, econômica, religiosa, estará perpetuando a guerra, você é responsável por todas as guerras, nuclear ou tradicional.

Krishnamurti para si mesmo: seu último diário