Aquilo que tem continuidade nunca pode ser diferente daquilo que é, com certas modificações; mas estas modificações não lhe conferem novidade. Pode assumir uma aparência diferente, uma cor diferente; mas é ainda a ideia, a memória, a palavra. Este centro de continuidade não é uma essência espiritual, pois está ainda dentro do campo do pensamento, da memória e, portanto, do tempo. Isto só pode experimentar sua própria projeção, e através de sua experiência autoprojetada dá a si mesmo mais continuidade. Assim, enquanto isto existir, não pode experimentar além de si mesmo. Isto deve morrer; deve deixar de conferir continuidade a si mesmo através da ideia, da memória, da palavra. Continuidade é decadência, e só existe vida na morte. Existe renovação apenas com a cessação do centro; então renascer não é continuidade; então a morte é como a vida, uma renovação de momento a momento. Esta renovação é criação.
Comentários sobre o viver; Volume I; Capítulo 38; Continuidade